Olhei a praia deserta E recordei onde antes passeavas. Os passos não eram largos, Eram o tempo que me davas. Ao som do mar escrevi O calor do teu olhar E aquele amor, já frio, que querias partilhar. Foram tantas incertezas desse nosso caminhar. Vi o teu sorriso fresco Naquele mar onde nunca tinha ido Fiquei ausente no tempo Talvez me tivesse perdido. Amei sem saber desse amor Caminhos feitos de vento Desejos que nos fazem dor Viver que não faz sentido. Gravei os traços do teu rosto Naquela areia dourada, Eram belos e suaves, como nunca imaginei. No teu corpo havia luz, Momentos que muito amei, Mas foram apenas alguns segundos E de amor não teve nada. As lágrimas correram apressadamente Numa aragem fria de nortada luíscoelho Julho/2017
Procurei-te perdidamente na brisa do mar. Subi as rochas geladas, vi-te na noite, Divertias-te como quem vive a vegetar, E cantavas como quem fala doces melodias. Tinhas a voz embriagada pela multidão E vives, mas não sabes nem sentes o amor Que me mata e tortura tão profundamente. Dor cega com desprezo, só de ti ausente. Perdi-me a procurar-te no movimento dos corpos Nas ruas coloridas, despidas de convenções errantes. Perdi-me nos sons que cresciam nos bares Gritos vividos no calor de amores e de amantes Cheiros da maresia que subia a cada instante. Passei pelas vielas e muitos becos sem saída Olhei para lá do que era sombra ou tinha vida Mas terminei o meu regresso no início da partida. Julho/2017 Luíscoelho
Procuro nos teus olhos o brilho dos meus, As cores que me escondes são a vida que eu amo, São as estradas que eu sigo e nas dores já me tramo. São estrelas de luz que me deixam perdido, São dias cinzentos, pintados de azul Serão tudo o que eu quero se não for vencido. Procuro, procuro na distância do tempo Nos dias cansados de dor e lamentos. Procuro, procuro num fio de esperança, Numa nesga de luz que me sopra o vento. E quando te escondes e desvias o olhar Viverei desse brilho que me faz amar. Nesses olhos há feitiço que me faz sonhar, Há esperança e amor, há tanto para dar, E também houve vida que me quiseste roubar. Nesses olhos houve dor e também desencanto Nas cores que sonhamos de prazer sem pranto. Nos teus olhos há vida que eu quero cantar. Luíscoelho Julho,2017,01