terça-feira, 29 de novembro de 2016

Obrigado pelo abraço

Obrigado pelo abraço
Temas que nos varrem de emoções. Os dias passam, os sonhos voam,
Mas só o amor nos enche os corações. Obrigado pelo abraço
Que as flores guardam silenciosamente,
Perfumes que o vento transporta
E nos oferece ardilosamente
Quando cansado se vem deitar à nossa porta.
Obrigado pelo abraço
Desse amor que para mim não teve espaço,
Dessa vida agitada e sem guarida,
Tanta dor que trago em mim e me arrasta,
Tanto tempo que lamento não ter vida.
Obrigado pelo abraço
Que foi regaço onde dormi e descansei
Que foi sonho onde vivi e muito amei
Obrigado pelo abraço que me deste e eu te dei . luíscoelho - 2016/11/29

sábado, 5 de novembro de 2016

Beijos de madrugada



A noite voou-me das mãos
E abriu as portas da luz
Foi uma bênção de Deus
Que os nossos passos conduz.
E se partiu lentamente 
Sem nunca dizer adeus
Chegou a luz de mansinho
Pintando as cores da razão.

Depois que de mim partiste 
A noite ficou mais vazia.
Fizeram-se silêncios tristes
Que a dor do amor me fazia.
Se amar é este viver e sentir, 
Uma roda onde tudo se escreve,
Uma viagem sem ir nem vir
Também é sofrer como nunca viste.

A noite partiu sem me devolver
O perfume que trazias no olhar, 
O som dos teus beijos perdidos,
E até o amor que me fizeste jurar.
A madrugada que de luz me sobrou
Deu-me forças para não te temer, 
O nosso amor, já frio, terminou
E não terá força para renascer.

luícoelho
05/Nov/2016

terça-feira, 1 de novembro de 2016

O mar

Hoje fui ver o mar
Vi as suas danças,
Mudanças e correntes
Que as rochas vinham beijar.
Parei e desejei seguir os seus passos
Momentos que nos fazem ausentes 
Das coisas que desejamos sonhar.

Demos as mãos 
Trocámos emoções. 
Vimos e ouvimos os segredos do mar
Que em seus movimentos nos deu lições
Que iremos guardar.
Oceano profundo
Crescendo ao segundo sem nunca parar.

E agora que o sono está a chamar 
E já canta baixinho para não despertar,
Vou dizer boa noite, 
Vou adormecer e nas tuas ondas me vou embalar.
luíscoelho
01/Nov/2016

domingo, 30 de outubro de 2016

Era belo o teu amor


(foto do blogue - Lamentos da Alma)

Amanheceste-me de raios de luz,
Esperanças douradas de amor.
Acreditei que o Sol não morria 
E que a todos oferecia o seu calor
E aquela vida que em mim corria.

Acreditei nessa luz que me varria
E meus olhos recheou do teu amor.
Fui louco por acreditar e te amar
Quando apenas as tuas sobras me oferecias 
E no cansaço do trabalho me esquecias.

E os dias terminavam em silencio 
Nesta dor que sendo grande eu reprimia.
Era o meu jeito de no meu peito te guardar
Eram os teus sorrisos que me faziam navegar
E acreditar que com o teu amor eu não morria.

E sem querer me arrepiei deste viver
Se a ti me dou como sei e como sou 
Podes saber que não te quero por vaidade
E por favor jamais te quero ter
Renunciando à minha própria felicidade.
Luiscoelho
30/Out/2016 

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

A noite é minha amante



A noite estendeu-me os braços,
Quis ser minha amante neste tempo,
Aconchegou-me ao peito escuro
E eu deixei-me adormecer neste alento. 
Era bom aquele abraço embora duro
E com tanto amor deixei de ter sentimento.

As noites assim dormidas são mais longas, 
Semeiam-nos de sonhos onde navegamos,
Cruzamos oceanos, vencemos tempestades 
Vivemos outros mundos onde não estamos
E até saboreamos outras coisas e vontades
Mais cruas que estas com que sonhamos.

Os braços desta noite eram longos e eram frios
Até no calor do peito se soltavam arrepios. 
Quando quis soltar-me desta força já não podia, 
Nem sei se não tinha forças ou se não queria, 
E assim se alongou sem ver a minha dor
Que me vestiu de amargas ilusões sem outra cor.
luíscoelho
27/Out/2016

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Dentro de mim




Dentro de mim corre um rio,
Um rio que me leva ao mar,
Um rio que me beijou a correr
Nas águas que eu não quis travar
Um rio de grandes correntes
Que nas margens me obrigou a parar.

Dentro  de mim corre um rio,
Um rio que me divide em dois.
Suas águas descem apressadas,
As correntes se formam depois,
Regressando ainda às nascentes
Onde o amor as faz renovadas.  

Dentro de mim corre um rio
Um rio que se arrasta levemente.
Se navegamos contra a corrente
As forças cedem facilmente
E do amor devoram a semente
E nos separam mui tristemente.
luiscoelho

2016/Out/20

domingo, 16 de outubro de 2016

Mãe - 66 Parabéns



A vida dá muitas voltas
E muitas já ela deu,
Desejamos que rode sempre
Como as estrelas do Céu,
E que cada aniversário
Seja um presente de Deus.
Parabéns, felicidades
Não é tudo o que queremos
Pois desejamos muito amor,
Com pão, saúde e alegria,
E que cada despertar
Seja um viver nesta harmonia.
luíscoelho
15/Outubro/2016

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

A minha dor



Esta noite foi mais fria,
Foi mais dura e insegura.
Levou-me as magras esperanças
Daquilo que eu mais queria,
Gelou-me a alma de dores,
Encheu-me de grande agonia.

O vento norte me despiu
De ti que eu tanto amava, 
Dos sorrisos que te dava.
Desamor e mal amados 
Foram destinos trocados
Que de nada nos serviu.

A chuva fez-me agasalho
Da noite que se fazia.
Roupas finas e macias, 
Mortalhas que já vestiram 
Os que nesta vida sentiram
O amor feito em retalhos.
luiscoelho
13/Outubro/2016


sábado, 1 de outubro de 2016

Pai


Pai 

Desenhei o silêncio do teu rosto
Palavras nunca ditas nos teus olhos
Tempo que juntos construímos  
Dias férteis de ledos desenganos
Grandes sonhos de que nunca desistimos.

Desenhei o silêncio do teu rosto
Sorrisos tracejados pelos anos
Estradas longas por onde caminhamos
Nervuras onde o tempo já fez danos
Distâncias onde sempre nos ligamos.

Desenhei o silêncio do teu rosto
Nas palavras escritas no meu ser
Aquelas que guardo e dou valor
Ser Pai é um ser grande com amor
E vivendo se transforma em criador.
Luíscoelho


Pai - Senti saudade e quis recordar-te
Poema de 2014 - agora reeditado

domingo, 18 de setembro de 2016

A ti Albertina

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(foto google)

A ti Albertina adoeceu nestes últimos dias. Problemas respiratórios e outras sequelas que a medicina não conseguiu reparar.
Estava revoltada. Queria a cura dos seus problemas de saúde. Queria ainda animar-se daquela força com que sempre viveu e lutou, mas os seus dias estavam contados no Grande Livro da vida. Tinha 89 anos.
Recebemos a notícia com pesar.
Juntámos as mãos numa prece simples. Pedimos a Deus que lhe conceda a Paz.
A vida não lhe foi fácil, mas nunca desistiu de lutar.
Enquanto pode ajudou os filhos. Guardou os netos e ultimamente o bisneto.
Não se fazia ouvir para ser respeitada. Algumas vezes bastava um olhar e os miúdos paravam de guerrear.
No seu tempo de maior actividade foi vendedora na praça da Praia da Vieira. Alugou uma banca e todos os dias ali estava com os produtos da sua agricultura expostos para venda.
Batata, couve, feijão verde e seco, cenouras e algumas cabeças de galinhas ou coelhos que criava no pátio da sua habitação.
Tinha pesa à cintura uma bolsa arredondada com dois compartimentos - um para as notas de papel e outro para as moedas.
Alguns dias, a neta mais velha, pedia-lhe emprestada aquela bolsa com algumas moedas e fazia o jogo da avó. Vendia e recebia o pagamento. A Avó Tina gostava de ouvir a neta a fazer contas de somar ou de subtrair como se fosse ela a vendedora.
As horas corriam e a menina brincava Não lhe dando preocupações.
- Olha menina, dizia-lhe, não me percas essas moedas que me fazem falta e ainda porque dizem que algumas moedas na carteira dão sorte. 
A vida continua.
Nós ficamos com a frase que lhe ouvímos algumas vezes:
- Os velhos vão partindo para dar lugar aos novos.

domingo, 11 de setembro de 2016

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Doem-me as palavras

domingo, 6 de março de 2011


Doem-me as palavras

Doem-me as palavras que não disse
As que guardei apenas para mim,
As que adormeci no calor do peito,
Embrulhando-as num sono sem fim,
Procurando que jamais alguém as visse.

Doem-me as palavras que guardei
Querendo que elas nunca te despissem,
Calei-as no silêncio, mas mesmo assim 
Tive medo que ferido elas saíssem
E te ferissem ainda mais do que pensei

Recordo as outras que te disse
Quando me davas os teus braços
E me adormecias no calor do regaço
Revivo em cada dia aqueles traços
Como se ainda hoje ainda os sentisse.

Amordaço as saudades na garganta
Tenho medo de soltá-las  magoadas
Prefiro tê-las frescas na lembrança
Do que soltas sejam garras afiadas
Esquecendo tanto amor e esperança.
Luíscoelho

sexta-feira, 8 de julho de 2016

Amor



Amor
Escondo de ti o olhar
Não quero que me vejas chorar.
Esconderei  a dor e o amor
Que um dia quisemos trocar.
Escondo de ti as palavras
Escritas mas nunca usadas.
Esconderei os sonhos reais
Na promessa de sermos leais.
Escondo de ti o que sou
Se fiz bem ou para onde vou.
É melhor que sofra sozinho
Que morrer sem o teu carinho.
luíscoelho
Julho,2016,08

quarta-feira, 29 de junho de 2016

A flauta

 Resultado de imagem para fotos de flautas de cana
(foto google)

O tempo corria lento.
Agora, aposentado, tudo seria diferente. Ninguém previa o que iria acontecer, mas contava já ter tempo para fazer as coisas que mais gostava e que foi deixando para depois, para o tempo - Quando tivesse vagar. 
Haveria de poder fazer: 
Pinturas, desenhos, leitura ou até trabalhos com madeira e outros materiais. 
Sonhava ainda ter tempo para brincar com os netos. 
Quem sabe se eles lhe iriam ensinar coisas novas que ele nunca aprendeu?

Sentou-se na soleira da porta. O degrau servia-lhe de assento e a parede oferecia-lhe um suporte às suas costas cansadas.
Distraidamente ouvia os passarinhos à distância de um assobio e o seu olhar corria com lentidão todos os terrenos que se alongavam no horizonte. 
O seu quintal era tão pequeno nesta imensidão do mundo e da vida. Lá longe, mais ao fundo, as oliveiras bordavam de sombras o verde das searas. 
Agora já sem forças, aceitava aquele lugar onde antes não podia sentar-se e descansar.

Lentamente recordou os dias de trabalho e de privações. Com a força dos seus braços e muita da sua imaginação transformou tudo ali à sua volta. Foi a sua determinação e teimosia que o fez lutar até ao fim  e, ainda, a preocupação de dar aos filhos uma vida melhor que a sua. Ali arrancou o pão que os alimentou a todos e procurou ainda a água adormecida na aridez e profundidade da terra. Agora tudo era diferente.
- Porque será que Deus nos dá as coisas melhores no fim dos nossos dias? Agora podia viver melhor e sem tantos sacrifícios!...
- Vendo bem as coisas não pode queixar-se...Fez o que pôde.

O silêncio e a quietude das coisas aconchegavam-lhe os pensamentos. Sonhava como quem semeia ou construía como quem brinca.
Distraidamente meteu a mão no bolso e procurou o canivete. Agora era a sua companhia. Habituou-se a ele. Servia de faca ou de ferramenta de trabalho. Abria-o sempre que precisava e depois, no final, fechava-o e voltava a guardá-lo dentro do bolso direito das calças de fazenda bastante polida. Todas as manhãs, quando se vestia, certificava-se que o tinha ali consigo.

Viu, ali perto, um pedaço de cana verde que os netos, cansados da brincadeira, por lá deixaram. Foi buscá-la. Limpou-lhe o lixo e aqueles fios das folhas arrancadas à pressa. Os seus pensamentos seguiam a cana que se ia transformando nas suas mãos. Acertou as pontas com um corte mais delicado. A cana começava a brilhar por tantas voltas que lhe dava e sem querer começaram a criar entre eles uma história.

O tempo parou. A cana rodava cada vez mais e também se colocava em posições opostas. Por vezes, parecia ser ela a dar as ordens.
- Faz assim e depois assim...Desta maneira, fica melhor...Faz mais devagar para que eu me sinta bem nas tuas mãos cansadas.
Fez-lhe uma pequena cavidade a meio e depois outras duas mais abaixo e mais pequenas. Pareciam os botões do bibe do seu neto mais novo.
Levou-a à boca como que a dar-lhe um beijo. Afinal estavam cada vez mais próximos. Parece que a sua relação se acentuava em cada novo toque.

Finalmente soprou uma e muitas outras vezes procurando melhorar o som ou a transmitir-lhe a vida que lhe queria dar. Finalmente os seus dedos grossos e desajeitados foram tapando os buracos abertos e de cada vez saía uma nova melodia. Criou-se entre eles uma empatia e ambos estavam felizes. O velho fechou a navalha e guardou-a no fundo do bolso direito das calças. Nesse momento a flauta, sentindo-se livre e senhora daquelas mãos começou a dançar. Eram duas crianças embaladas no mesmo sonho soltando melodias simples e inexperientes.
Junho/2014
Luíscoelho


Nota texto revisto e reeditado em Junho de 2016

sexta-feira, 24 de junho de 2016

Comentário


Agradece às tuas memórias, à tua narração humilde e interessante. É por aí que te conheço; é por aí que se conhecem as pessoas. Repara: tu podes ter convicções políticas, religiosas ou outras diferentes das minhas. Na verdade, isso pouco me interessa. Pelo que escreves sei que és uma pessoa boa como eu desejo ser. Assim é fácil ser amigo de alguém.

Foto minha num hotel perto de Veneza em Junho/2016
Recebi ontem o presente comentário - Mensagem.
Emocionei-me pela amizade e pelo carinho.
Tomei a decisão de o partilhar pois além de ser uma forma de agradecimento será sem dúvida uma forma de continuar oferecendo-vos o que tenho e o que sou nas memórias do tempo.
Um grande abraço João Teixeira.


2016/Junho24
Luiscoelho

segunda-feira, 6 de junho de 2016

A tua janela


















Museu de Leiria - foto minha

Vou passando por aqui,
Olhando a tua janela,
E bebendo as cores.
Vou sentindo as palavras
Suaves, soltas e belas
Que me rasgam a alma
De saudade e de dor.

Vou voando na brisa do tempo
Que me afaga a alma
Num doce tormento.
Vou rodando a cabeça 
Neste campo onde sonho
E dobrando as vontades
Sem que tal aconteça

Junho/2016
Luíscoelho

terça-feira, 24 de maio de 2016

O teu amor




O teu amor, meu amor, escreve-se com palavras brancas,
Que rasgam a pele numa melodia que encanta,
E nos deixam perdidos neste mar distante.

O teu amor, meu amor, escreve-se no correr dos ventos
Que incendeiam os olhos de novos pensamentos
E renovam esperanças de um querer reconfortante.

O teu amor, meu amor, escreve-se com o brilho da dor 
Que no reboliço das noites frias tem cruel sabor
E nos engravidam as veias desse veneno errante.  

O teu amor, meu amor, no mar é um porto de abrigo
Mas procurando refúgio encontramos duro castigo
De amar por amor cada vez mais forte e constante. 

O teu amor, meu amor, somos nós as estrelas e a cor,
Amando neste mar as dores são o querer viver
Sendo sempre nós, os melhores amantes.

luíscoelho
Maio/2016

domingo, 1 de maio de 2016

Dia da Mãe






Mãe
Queria dizer-te tanto
Queria olhar-te ainda mais,
Mas as palavras são o meu pranto
E de silêncio vesti meus ais.

Eterna saudade

Luíscoelho

2016/Maio/01

domingo, 24 de abril de 2016

25 de Abril





(foto minha)

25 de Abril de 2016
Aniversário do dia da liberdade
Um grito que continua a viver-se no silêncio dos campos,
Um grito que continua a viver-se no pão que nos roubam,
Que continua a rasgar-nos nos insultos que nos gritam
Vociferando palavras vazias de respeito,
Vazias de educação, saúde, justiça e igualdade.

25 de Abril festa da liberdade para os políticos 
Que se vestem das cores de impunidade
E enchem os tribunais da mais crua falsidade.
luiscoelho
25/Abril/2016

terça-feira, 5 de abril de 2016

A dor que trago no peito





(foto minha)

A dor que trago no peito
Acorda-me de madrugada
E quer eu queira ou não queira
Deixa-me muito amargurado
São recordações, são lembranças
Coisas de que não sou culpado
Vidas próprias do meu fado.

E quando o dia anoitece
Maior se tece a minha dor
Mais forte que tudo mais.
Tem aquele amargo sabor
Que se solta em leves ais.
Que mais queres tu de mim
Porque me segues assim?

Depois no silêncio de noite
Mais tu me fazes sofrer.
Se vivo eu não te despeço,
Mas tu já não me deixas viver.
Se amar-nos não podemos
Porque pedes tão alto preço?
Morrer já, eu não mereço.
Luíscoelho
Abril-05/2016