sábado, 8 de julho de 2017

Porque me foges?


Porque me foges


Procurei-te perdidamente na brisa do mar.
Subi as rochas geladas, vi-te na noite,
Divertias-te como quem vive a vegetar,  
E cantavas como quem fala doces melodias.
Tinhas a voz embriagada pela multidão 
E vives, mas não sabes nem sentes o amor
Que me mata e tortura tão profundamente. 
Dor cega com desprezo, só de ti ausente.

Perdi-me a procurar-te no movimento dos corpos 
Nas ruas coloridas, despidas de convenções errantes.
Perdi-me nos sons que cresciam nos bares
Gritos vividos no calor de amores e de amantes
Cheiros da maresia que subia a cada instante.
Passei pelas vielas e muitos becos sem saída
Olhei para lá do que era sombra ou tinha vida
Mas terminei o meu regresso no início da partida.
Julho/2017
Luíscoelho

5 comentários:

  1. Que bonito poema! Parabéns
    Adorei!

    Beijo
    Bom Sábado.

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  2. "Terminei o meu regresso no início da partida" é uma fatalidade que vem de longe. É o mito de Sísifo.
    Abraço.

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  3. Profundo sentir!
    E quem vive e não sente o amor, não deve ser feliz.

    Bom fim de semana Luís, um beijinho

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  4. "Olhei para lá do que era sombra ou tinha vida
    Mas terminei o meu regresso no início da partida."
    Um poema intenso e muito belo.
    Uma boa semana.
    Beijos.

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  5. Primoroso!
    Sentir como quem sente e amar como quem ama.
    Sempre regressamos ao "(...)início da partida (...)" como se fora a primeira vez.


    Abraço
    SOL

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